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quarta-feira, 16 de abril de 2014

domingo, 15 de setembro de 2013

 "100 Mil Poetas & Músicos Por Mudanças” Evento da Amazônia

Diretamente do blog do Octavio Pessoa (http://blogdooctaviopessoa8.blogspot.com.br/2013/09/novamente-em-belem-o-100-mil-poetas.html),  os detalhes da edição 2013, que será no dia 28 de setembro, sábado:

            "O Anfiteatro São Pedro Nolasco, da Estação das Docas, já foi cedido pela Organização Social Pará 2000, para a realização, que começará ao por do sol e deverá se estender até as 9 da noite, com muita música, poesia e textos de gente da Amazônia.
Está prevista a participação de pelo menos 30 poetas, músicos e escritores no evento que será conduzido por Hudson Andrade e Octavio Pessoa. O ícone continua o mesmo, a Samaumeira do Hangar, vista de outro ângulo e registrada pela fotógrafa Brends Nunes. A foto se harmoniza perfeitamente com a semântica deste ano, “POR UM RIO DE PAZ NA CIDADE DAS ÁGUAS”, inspiração de novo, de Daniel Leite.
O grande homenageado será o poeta, escritor, compositor, músico, ensaísta, Carlos Correia Santos, pelo conjunto de sua obra e pelo sucesso que vem tendo na divulgação da cultura paraense, noutras cidades brasileiras. O programa será dedicado a Walcyr Monteiro, poeta, escritor e pesquisador da mitologia amazônica".

segunda-feira, 15 de abril de 2013

César Vallejo

OS ARAUTOS NEGROS


Há golpes na vida tão fortes... Eu nem sei!
Golpes como do ódio de Deus; como se ante eles
a ressaca de quanto foi sofrido
se empoçara na alma... Eu nem sei!

São poucos, porém são... Abrem sulcos escuros
no rosto mais fero e no lombo mais forte.
Serão talvez os potros de bárbaros átilas;
ou os arautos negros que nos manda a Morte.

São as caídas fundas dos Cristos da alma,
de alguma fé adorável que o Destino blasfema.
Esses golpes sangrentos são as crepitações
de algum pão que na porta do forno se queima.

E o homem... Pobre... pobre! Volve os olhos, como
quando por sobre os ombros nos chama uma palmada;
volve os olhos loucos, e todo o vivido
se empoça, como charco de culpa, na mirada.

Há golpes na vida tão fortes... Eu nem sei!


Tradução de Fernando Mendes Vianna




PEDRA NEGRA SOBRE UMA PEDRA BRANCA

Morrerei em Paris com aguaceiro
num dia do qual trago aqui a lembrança.
Morrerei em Paris — e eu não corro —
talvez na quinta, como hoje, de outono.

Será quinta, pois hoje, quinta, que proso
estes versos, os húmeros tenho postos
no malote e, jamais me vi, quanto hoje,
desde que venho vindo, tanto a sós.

Morreu César Vallejo, lhe batiam
todos sem que lhes fizesse nada;
pegavam duro com um pau e duro

também com um açoite; testemunham
as quintas feiras e esses ossos húmeros,
a solidão, a chuva, os caminhos...


Tradução Amálio Pinheiro


Ver mais: http://www.antoniomiranda.com.br

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Lúcifer e eu


Por Flávio Aguiar.

A escrita e a publicação de meu recente livro sobre a Bíblia, em tom paródico, me trouxe uma série de recordações bíblicas e colaterais.

Entre elas, meu entrevero com Lúcifer, quando eu era professor da ativa na USP.

Naquele tempo dava eu seguidamente curso sobre Grande sertão: veredas. E era inevitável que, durante as aulas, eu falasse no nome do Diabo, e suas variantes: desde as pessoais, como Lúcifer e Belzebu, até as genéricas, como Cujo e Cão.

Deu-se no entanto o singular acontecimento de que, num desses cursos havia uma aluna que devia ser especialmente religiosa, quem sabe carola. E cada vez que eu pronunciava o nome do Cujo, em qualquer variante, ela se benzia.

Era uma tortura. Mas que acabou levando a outra.

Porque em verdade, em verdade vos digo, aquela situação aziaga despertou não sei que veia sádica dentro de mim, mas que em meu corpo ou alma devia dormitar desde sempre.

O fato é que comecei a multiplicar as menções ao nome temido. Era uma guerra: eu dizia de cá, e ela benzia-se de lá, com cada vez mais frequência e em maior velocidade. Eu me sentia como parafraseando uma canção que certa vez ouvi pela boca de Tom Zé: “era eu, era ela, era ela, era eu, nós dois numa demanda, nem ela ganhava nem eu”.

E assim passaram-se semanas, até que notei que o restante da classe se dera conta da demanda, e começara a curtir aquilo. Via-se nos olhares açulados e nos ouvidos quase em pé que a turma aguardava ansiosa o desenrolar da disputa, talvez seu desfecho dramático.

Aí o anjo-da-guarda de minha consciência de professor falou mais alto, e eu decidi pôr fim àquela sandice. Para começar, aproveitei um dia em que aquela aluna faltou.

Expus a questão, com sinceridade para a classe. Disse que a gente devia respeitar as crenças uns dos outros, e declarei que iria conversar com ela a respeito de não serem aquelas referências que eu fazia ao nome do Pé-de-Cabra uma invocação, mas uma necessidade da interpretação crítica da obra em tela.

Ademais, eu disse, entusiasmado pela receptividade que eu notara às minhas morigeradas palavras, eu achava que todo mundo tinha um pouco de medo do Diabo.

Fui falando: “só acredito que alguém não creia no Diabo, se esse alguém, numa sexta-feira 13, à meia-noite, num quarto escuro e fechado, invocar três vezes o nome dele, assim: Lúcifer! Lúcifer! Lúcifer!”

Pois no terceiro “Lúcifer!” que eu disse entrou pela janela um enorme e barulhento besouro:

“bzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz”.

E como entrou, saiu.

Olhei para a classe, a classe olhou para mim. Houve alguns risos amarelos. Felizmente, era hora do intervalo.

Conversei de fato com a aluna. Sem citar o nome Dele. Ela entendeu. Moderei minhas chamadas do seu nome.

E nunca mais voltei ao assunto.

**

Extraído de http://boitempoeditorial.wordpress.com/2012/12/20/lucifer-e-eu/

Walcyr Monteiro


O escritor das lendas e assombrações de Belém, Walcyr Monteiro, nos deu a honra de participar de uma das coletâneas da Confraria intitulada "Tratado acerca da flores". O poema abaixo é uma amostra do dinamismo do autor.











NO RIO DE MEUS AMORES

Maria caiu
No rio de meus amores
Nada, Maria, nada!

Maria afogou
No rio de meus amores
Nada, Maria, nada!

Maria saiu
Do rio de meus amores
Viva, Maria, viva!

Que aconteceu
No rio de meus amores?
Tudo, Maria, tudo
Nada, Maria, nada

No rio de meus amores
Maria foi quase tudo
Maria foi quase nada

O que ficou
No rio de meus amores?
Tudo, Maria, tudo
Nada, Maria, nada!

Walcyr Monteiro

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Emílio Moura


CANÇÃO

Viver não dói. O que dói
é a vida que se não vive.
Tanto mais bela sonhada,
quanto mais triste perdida.

Viver não dói. O que dói
é o tempo, essa força onírica
em que se criam os mitos
que o próprio tempo devora.

Viver não dói. O que dói
é essa estranha lucidez,
misto de fome e de sede
com que tudo devoramos.

Viver não dói. O que dói,
ferindo fundo, ferindo,
é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido.

Que tudo o mais é perdido.


Emílio Moura

Ver mais em Poesia.net

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A janela tragadora - Alberto Abadessa

A partir de hoje vou publicar aqui alguns textos editados nos livros da Confraria d`A Cova dos Poetas, iniciando pelo conto fantástico do nosso Confrade-Mor Alberto Abadessa, A janela tragadora, que integrou a 3a. coletânea da Confraria, intitulada Vôo Noturno, de 2004.


A janela tragadora


Vivia Flávio Kato em sua casinha tranqüila. Chegava do seu simples emprego, de sua profissão com as máquinas de carros; ele era mecânico feito pela prática, pois desde pequeno, seu pai, já falecido, o colocara para tal profissão, tendo como lema a teoria: “tal pai, tal filho”. Kato fora casado dois anos, dois anos de sofrimento para sua vida. Sua mulher era completamente diferente de si, era temperamental e muito jovem. Ele casara com vinte e oito anos enquanto sua ex‑mulher, no sentido cartorial, ia completar dezenove anos. Apesar dele ser mecânico, não era um sujeito bruto como costumam ser os de mesma profissão.
Pedira o divórcio para sua mulher e foi atendido prontamente no Tribunal. Vivia com os nervos à flor da pele.
Até que, numa noite calma e sem chuva, tivera uma grande discussão com a mulher (as desgraças tendem a acontecer em tempo de chuva) e bateu nela com violência, deixando‑a quase desfalecida, pois ela havia dito que ele não passava de um homem frouxo, não sendo o único homem com quem dormia. Foi aí que Kato perdera sua calma.
Se fosse um sujeito famoso, diriam em sua biografia que nascera calmo e casara com uma mulher rebelde e sem escrúpulos, mas como Flávio Kato não passava de um mecânico com diploma do primário, fora parar na cadeia por seis meses. Só lembrava que, na noite da pancadaria na qual o silêncio era interrompido pelos gritos de sua mulher, não compreendeu certos movimentos de sua janela.
Com os pensamentos levados à traição da mulher e ao estranho movimento da janela, Kato passou as mãos por entre os cabelos e entrou em sua casa ressequido. Pensava que com o tempo, tudo ia esquecer. Mas nada esquecera, era só entrar em casa que sentia a presteza das angústias e das recordações de sua esposa.
Foi até a cozinha, tirou de sua geladeira uma conserva, preparou‑a e sentou‑se à mesa para jantar. Ao terminar de jantar, o pacato mecânico acendeu as luzes da casa e foi até a janela. Olhou‑a com certo medo no coração e se encostou a ela para olhar a noite. Sentiu vontade de dar uma volta pelas ruas da cidade, mas o medo e o cansaço o fizeram ficar em casa.
Saiu da janela, sentou no sofá e depois se deitou. Lembrou‑se de sua esbelta mulher. Não podia esquecê‑la. "Muitas vezes", pensou Kato, "ela estava ali sentada na poltrona me convidando pra sair, ir dançar nas casas de festas, beber; quando não conseguia, vinha mexer comigo até levá‑la pra cama carregada em meus braços. Eu amava minha mulher e se voltasse um dia, da forma que fosse, eu a aceitaria. Oh! Como sou idiota, devia odiá‑la, mas ainda a amo e não encontro uma mulher para amar. A vida não deveria ser dessa maneira. E o que mais me intriga é que meus vizinhos pensam que levo uma vida tranqüila, eles não sabem o que vai dentro do meu coração, pensam que só vivo para as malditas máquinas que desde pequeno não me largam, não me deixam um só dia, só fiquei livre delas quando fui preso”. E continuou:
“Passei o diabo na cadeia, vivi com ladrões e assassinos. Mas não consegui esquecer minha mulata, já tentei, já tentei e não consegui. O pior é que nem amigos eu tenho”.
E dentro de sua desolação o mecânico caiu no sono.
Teve um terrível sonho. A janela do seu quarto saiu atrás de sua mulher. Ao encontrá‑la com um amante, na cama de alguma pensão da cidade, tragou-os sem­ dar oportunidade de falarem a ninguém. E seguiu sua tragação pela cidade, lançando dentro do seu espaço vazio um cão, um gato e um carro, seguindo para a oficina. Lá estavam os mecânicos trabalhando, só não estava Kato. A janela primeiramente tratou de tragar os carros e depois os operários, em seguida saiu em direção do escritório do dono da oficina, um ex-mecânico que com seu esforço conseguiu levar a cabo seu sonho de ter uma oficina sua. Ao deparar com aquela matéria sólida, deu um sorriso lascivo com seu vasto bigode de homem de negócios. Pensou que fosse alguma brincadeira de um dos seus empregados.
Abriu a janela de seu escritório e deparou com sua oficina completamente vazia tanto de carros como também de seus funcionários. Os cabelos de seu corpo se arrepiaram todos. Quis gritar pelos pulmões algo que tirasse seu medo, o que somente o ser humano sabe expressar quando está em dificuldade. Devido à grande falsidade da humanidade, os homens só possuem medo quando estão em dificuldade e o dono daquela oficina estava prestes a morrer.
A janela tragadora, como se fosse dirigida por algum aparelho magnético, se aproximou da mesa e tragou todos os papéis e o dinheiro que o homem contava quando ela entrara em seu escritório.
O homem, apavorado ao ver tudo desaparecer no espaço vazio da janela, correu para a porta tentando fugir, mas encontrou a porta trancada; voltou‑se para a janela e encontrou‑a aberta. Olhou então para baixo, eram uns quatro metros de altura, mas era sua vida que estava em perigo. Um espaço engolindo tudo, não podia acreditar e não podia ter muito no que pensar. A janela parecia gostar de magoar no fundo o dono da oficina.
E, como o medo é o propulsor dos grandes saltos do homem contra muitas injustiças de outros, ou seja, de homens para outros homem, o homem se lançou da janela de seu escritório para a oficina. Porém, como se a janela tragadora houvesse computado o tempo em ano luz de velocidade, lançou‑se ao homem antes que caísse no solo do seu ganha pão.
A janela tragadora segurou o homem e fez diferente dos demais que havia tragado até então. Foi tragando o homem devagarzinho, começando pelas pernas como se ela fosse um desintegrador que não deixa vestígio, o tipo de arma pro crime perfeito.
Ao ver‑se desaparecer, o homem clamava por Deus, pelos homens, pelos nomes de seus empregados e ninguém vinha à sua procura. O estranho que acontecia para o homem era que seu corpo já estava na metade e ele ainda não havia morrido. Ele continuava a gritar, a chamar por Deus, por Jesus e outros profetas, por seus pais que já haviam ido para o além. Num piscar de pensamentos o homem imaginou que aquela janela era um espírito muito poderoso e que ao seu pai e a sua mãe já mortos poderia pedir pra que não morresse. Mas o pedido para seus pais não foi atendido, seu coração já havia sido tragado e só faltava a cabeça. Seu corpo desaparecera mas, ainda estava vivo e continuava pedindo para ficar vivo.
O fim do homem chegara, tudo nele havia desaparecido. E a janela, não conformada, começou a tragar o edifício onde havia carros, operários e patrão. E quando tudo estava um vazio, ela partiu pelo ar da escuridão. Olhou para as estrelas como se estivesse agradecendo sua destruição.
A janela parou a uma certa altura, na direção da lua como se estivesse sorrindo para sua beleza e como se quisesse dizer: “Se tivesse mais algumas janelas como eu nessa esfera de homens gananciosos, homens criminosos, homens que não sabem a beleza de suas próprias naturezas, que não podem fazer tudo mais belo e mais sereno e tranqüilo como tu, oh lua!, oh estrelas belas que iluminam o céu e se casam entre si, sem nenhuma força política contradizendo suas formas de amar”.
“Traguei crápulas, traguei crápulas, me cansei de tragar crápulas, me cansei, me cansei. Mas tu, oh lua, estrelas, me perdoem, porque a humanidade cansa, a humanidade cansa como eu cansei de tragar crápulas”.
“Me espera lua, me esperem estrelas, falta algo, falta tragar mais um crápula”.
Kato acordou de repente no meio da noite apavorado com o sonho que tivera e exclamou:
Esqueci a casa aberta!
Passou as mãos nos olhos, sonolento, e ao retirar a mão do rosto, deparou com a janela tragadora no meio de sua sala. Olhou para o lugar de sua janela, lá estava ela aberta, faltava somente fechar.
O homem recuou um pouco, pensando que ainda estava dormindo, que ainda estava sonhando com uma janela que tragava os crápulas da humanidade. Mas Flávio Kato estava acordado, ele sabia que estava acordado. Sentiu um calafrio quando a estranha janela branca aproximou‑se de si, o medo era toda sua vida naquele momento.
Lembrou‑se do seu sonho, do escritório do seu patrão e que sentiu o maior medo. Só que não era aquela janela que tragara gatos, cachorros, sua mulher, e seu patrão, esta era a de sua casa, a que ele vira mexer quando quase matara sua mulher de pancadas.
Bem próximo da janela branca, ele suava por todos os poros. Um grito de medo saiu de sua boca. Mas logo se fez um silêncio terrível dentro de sua casa.
A janela o tragara.
A beleza do céu, através do brilho da lua e das estrelas que ainda iam casar, e que pareciam muito felizes com o ato, refletia dentro da casa, onde no silêncio, só se escutou o barulho do fechar da janela.

Alberto Abadessa

sexta-feira, 15 de junho de 2012

OBITUÁRIO


Anteontem

Saíste apressado do teu barraco
Tua mãe perguntou aonde ias
Nada disseste
Era noite:
- Menino, olha o que tu vai fazer!
Alertou aflito o coração de mãe
Encontraste um amigo
Bebeste com ele
Brincaste
Lançaste a proposta
Tiraste um sarro:
- Covarde, bundão!
- Tá bem, vamu lá!
Ele disse
Alugaste o trinta e oito
Na mesma boca de fumo do Rubião:
- Devolve rapaz, senão és defunto!
- Deixa comigo!
Disseste
É parada dada
Não tem o que errar
Passaste na casa da Deuzimar
Trocaste uns beijinhos
Teu parceiro tava suando
- É onze hora, cumpadre!
- Vai querer fuder?
Sorriste pra ele
Pegaste o camelo
Ele subiu na garupa
             - Não te afoba
             - É parada dada
             - É dia de pagamento
             - A Moça tá buiada
             - Não tem o que errar
Chegaste na Quintino
Faltava pouco
Era quase meia-noite
Tu tava de mutuca
             - É parada dada
             - É só esperar
Olhaste pro canto não viste a moça
Viste a patrulha em ronda inesperada
Procuraste abrigo num canto escuro
Seguraste o trabuco sem pensar
O teu comparsa fugiu numa pisada
Ficaste...
Reagiste...

Ontem

Eu vi a tua foto
Derramando sangue no jornal
Eras conhecido da polícia
Tinhas passagem na 1ª Zpol
- Elemento perigoso!
Dizia o policial
Olhei teu rosto de menino
Dormindo no chão do beco
Perigo se havia não há mais
Não há mais passado
Não há mais futuro
O Rubião perdeu a arma
E o vício, um viciado
A moça nem soube do acontecido
Dormiu na casa do namorado
A tua mãe inconsolada chora
Junto aos teus irmãos espantados

Hoje

Foste enterrado
No Cemitério Municipal do Tapanã
João Rosa Laranjeira, 19 anos
Assim dizia, seco
O obituário.

Ney Cohen